O QUE RESTOU DE COPENHAGEN

"Temos menos de 24 horas, se continuarmos assim, vamos fracassar"[ Sarkozy. ]




"A conferência de Copenhague não pode consistir em uma sucessão de discursos que não se confrontam nunca. Não estamos aqui para um colóquio sobre o aquecimento climático, estamos aqui para tomar decisões", declarou.



"O fracasso em Copenhague seria catastrófico, para cada um de nós", avisou o presidente francês. "Todos, teremos contas a prestar à opinião pública mundial e à nossa opinião pública".



Hora H

“A hora de agir é esta", disse Lula no discurso. "O veredicto da história não poupará aqueles que faltarem com suas responsabilidades históricas neste momento.”



“Esta conferência não é um jogo onde se possa esconder cartas na manga. Se ficarmos à espera do lance dos nossos parceiros, podemos descobrir que é tarde demais, todos seremos perdedores.”



A fragilidade de uns não pode servir de pretexto para o recuo ou vacilações de outros. Não é politicamente racional, nem moralmente justificável colocar interesses corporativos e setoriais acima do bem comum da humanidade. A hora de agir é esta, o veredito da história não poupará aos que faltarem com suas responsabilidades neste momento.


(Barack Obama)
Eu não vim aqui para conversar mas para agir
O tempo de discutir acabou, ou abraçamos o acordo (com as metas dos EUA) ou vamos sair daqui andando para trás.
Os EUA fizeram a sua escolha e vamos fazer o que estou dizendo aqui...

Parece que mais uma vez o Império impôs a sua vontade e qual é o acordo a que se refere Obama: reduzir a emissão de poluentes em 17% sobre os níveis de 2005 ou seja, na pratica é reduzir em 4% seus níveis de poluição sobre 1990 e uma contribuição de 100 bilhões de dólares até 2025 para um fundo de socorro aos países pobres, que serão sacrificados com as mudanças climáticas e não têm recursos para enfrentá-las.



Não é só eles que estão condenados a desaparecer
 


Outras espécies também estão
 

A SOLUÇÃO NÃO ESTÁ EM COPENHAGEN, NEM EM NENHUMA REUNIÃO DE BILIONÁRIOS PARA DISCUTIR OS RUMOS DO PLANETA. A SOLUÇÃO ESTÁ NO ENGAJAMENTO DE TODA A SOCIEDADE, EM NOME DE SEUS FILHOS E NETOS, EM NOME DAS FUTURAS GERAÇÕES. É IR ÀS RUAS E COBRAR O DIREITO DE SOBREVIVER COM DIGNIDADE E JUSTIÇA.

BERNARDO

SALVE-SE QUEM PUDER???


Os animais já entenderam que a casa pegou fogo. Na América do Norte e na Europa, pesquisadores constataram que pássaros, insetos e até plantas tem mudado seus habitats para regiões mais altas, geralmente mais ao norte, à procura de temperaturas amenas. Se os projetos de adaptação não correrem na mesma velocidade das mudanças climáticas, é capaz que o bicho-homem tenha que fazer o mesmo.


A ONU estima que até 2050, as mudanças climáticas poderão tirar 200 milhões de pessoas de suas cidades. Não há muito tempo para refletirmos e tomarmos decisões importantes. Primeiro porque 40 anos passam muito mais rápido do que se imagina, segundo, as decisões não podem ser tomadas do dia para a noite, são anos de adaptação e de mudanças na nossa maneira de tratar o planeta e mais anos para surtirem efeito.

Portanto, se continuarmos achando que a frase correta quando a coisa começar a pegar mais violentamente será “salve-se quem puder”, estamos redondamente enganados.



COPENHAGEN - COP15 - UM NOVO MUNDO É POSSIVEL


INICIA-SE A CONFERÊNCIA DE COPENHAGEN A COP 15
NOVAMENTE DISCUTE-SE O ÓBVIO: A SOBREVIVÊNCIA DA ESPÉCIE HUMANA:



NOVAMENTE DISCUTE-SE O ÓBVIO: O DIREITO DE NOSSOS DESCENDENTES HERDAREM UM PLANETA MINIMAMENTE SAUDÁVEL.



EM JUNHO REALIZOU-SE O 26 SALÃO DE HUMOR NO PIAUÍ, OS 3 CARTUNISTAS VENCEDORES:  CONSEGUIRAM UNIR O HUMOR A UMA CRÍTICA MUITO CONSCIENTE DA REALIDADE:



Vencedor:Mohammad Ali Kajali - Irã





Pol Leurs de Luxemburgo





Mahemood Nazari do Irã

AS PRÓXIMAS DUAS SEMANAS SERÃO UM MOMENTO DE REFLEXÃO MUITO IMPORTANTE PARA A ESPÉCIE HUMANA: NÃO RESTA MUITO TEMPO PARA SALVAR O PLANETA.

POLUIÇÃO E COMPORTAMENTO HUMANO



Se pararmos para um momento de reflexão, chegaremos à conclusão que vivemos num mundo absolutamente insano e incoerente. Quando se discute o encontro dos líderes mundiais em Copenhague dentro de algumas semanas para discutir as mudanças climáticas um aspecto talvez tão importante como essa reunião não é comentado nem na Internet nem na imprensa: o quanto dos problemas climáticos são fruto do comportamento humano.
Levamos para casa milhares de sacolas plásticas quando vamos ao Supermercado. Uma estatística que li dizia que 12 milhões de sacolas por ano são fabricadas no Brasil. Eu achei que o número é mentiroso, ou seja menor que a realidade. E as outras embalagens então: quantos produtos que adquirimos que possuem três ou quatro embalagens, uma bela embalagem externa de pano ou papel, além do rótulo externo, uma caixa intermediária também com rótulo e selo e abrindo esta ainda nos deparamos com outra embalagem individual, às vezes plástica no caso de bombons. E nós pagamos por tudo isso, levamos para casa satisfeitos, e lá retiramos solenemente as embalagens que vão para o lixo.


Há ainda custos astronômicos de transporte que se quer tomamos conhecimento, por exemplo, li no The New York Times que peixes e frangos produzidos no EUA são transportados até a Ásia para serem embalados e levados de volta a supermercados americanos. Mesmo no Brasil muitas peças são produzidas e enviadas para a zona franca de Manaus onde vão compor um produto com outros componentes importados e remetidas de volta ao mercado consumidor.
Esses são apenas alguns aspectos a serem refletidos, se pararmos para uma análise mais profunda, ficaremos estarrecidos com nosso comportamento insano, sim nosso, pois aceitamos e participamos voluntariamente de todo esse desperdício, e mais, pagamos por tudo isso duas vezes: uma em dinheiro e outra com a deterioração do planeta deterioração esta que nossos netos e bisnetos certamente ainda estarão sentindo muito mais que nós e não será no bolso.

Embalagem Natural

O MURO DE BERLIN NÃO FOI NEM SERÁ O ÚLTIMO MURO

Muro de Berlin

O Muro de Berlim (”Berliner Mauer” em alemão) foi uma realidade e um símbolo da divisão da Alemanha em duas entidades estatais, a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA). Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: Berlim Ocidental (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos da América; e Berlim Oriental (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético. Construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de atravessá-lo.

Muro de Varsóvia

O Muro de Berlim foi uma cruel realidade, entre tantas e tantos outros muros que a história teimou e teima em construir.Foi mais um muro fracassado. Antes dele muitos outros muros e muralhas tombaram e após ele, por incrível que pareça, ainda há muita gente que acredita que os muros são a solução para os conflitos e a forma mais fácil de se livrar daqueles que consideram indesejáveis.
Muro de Israel - Palestina



Muro no Rio de Janeiro separando favela de área nobre

Quantos muros mais terão que cair para que possamos entender que não é com muros nos separando, mas com pontes que resolveremos os grandes conflitos que nos separam.

Claude Levi-Straus


O antropólogo francês Claude Levi-straus morreu na madrugada do último sábado para domingo, a menos de um mês de completar 101 anos.

Viveu seus últimos anos recluso em seu apartamento, fazendo raras aparições públicas. Em 2008, para celebrar seu centenário, diversas homenagens foram organizadas na França mas ele não compareceu a nenhuma. Foi o pai do Estruturalismo que tantos debates causou com outras correntes da antropologia, mas o que me leva a UM MOMENTO DE REFLEXÃO foio incomodo que lhe causou as limitações da velhice.
O processo de envelhecer era algo que parecia incomodá-lo profundamente. Sua incapacidade de escrever marcou profundamente seus últimos anos como ele mesmo comentou:
“Para mim hoje existe um “eu” real, que não é mais um quarto ou mesmo a metade de um homem, e um “eu” virtual, que conserva uma idéia do todo. O “eu” virtual prepara um projeto de livro, começa a organizá-lo em capítulos e diz ao “eu” real: ‘Agora é a sua vez de continuar’. E o “eu” real, que não consegue mais diz ao “eu “ virtual: ‘O problema é seu. Só você vê a totalidade’. Minha vida agora se passa em meio a esse diálogo muito estranho”, disse no seu aniversário de 90 anos.
Uma das últimas entrevistas do antropólogo foi concedida ao jornalista Didier Eribon no livro “De Pres et de Loin” (De longe e de Perto). Na ocasião ele demonstrou um sentimento de incompatibilidade com os tempos atuais. “Caminhamos para uma civilização em escala mundial. Nela, provavelmente, aparecerão as diferenças. Não pertenço mais a esse mundo. O mundo que eu conheci, o mundo que eu amei, tinha 1,5 bilhão de pessoas. O mundo atual tem 6 bilhões de humanos. Não é mais o meu.
Bernardo

A VIAGEM DEFINITIVA

Quando éramos crianças, diziam os adultos simplesmente pra nos assustar que os mortos, no seu dia, saíam do túmulo, vestidos de branco e saíam a passear.Isso nos criava um pavor terrível de noite... Quando penso na morte, me lembro de um pequeno poema que está no final do livro Journey to Ixtlan( Viagem a Ixtlan) do Carlos Castanheda. O poema é do espanhol( ou será mexicano?) Juan Ramon Jimenez e se chama El Viaje Definitivo( A Viajem Definitiva).



A VIAGEM DEFINITIVA
Juan Ramón Jimenez
Ir-me-ei embora. E ficarão os pássaros
Cantando.
E ficará o meu jardim com sua árvore verde
E o seu poço branco.

Todas as tardes o céu será azul e plácido,
E tocarão, como esta tarde estão tocando,
Os sinos do companário.

Morrerão os que me amaram
E a aldeia se renovará todos os anos.
E longe do bulício distinto, surdo, raro
Do domingo acabado,
Da diligência das cinco, das sestas do banho,
No recanto secreto do meu jardim florido e caiado
Meu espírito de hoje errará nostálgico...
E ir-me-ei embora, e serei outro, sem lar, sem árvore

Verde, sem poço branco,
Sem céu azul e plácido...
E os pássaros ficarão cantando.

VIDA E MORTE DE JESUS MAFA



As Imagens Mafa são um conjunto coerente de ilustrações do Evangelho africano. Elas permitem uma boa visualização dos textos bíblicos mas sob a perspectiva de um Deus negro. Se Cristo nasceu e viveu no Oriente Médio porque teria de ser um loiro de olhos claros? Qual o interesse de representá-lo assim? Por outro lado por que teria de ser africano, ou amarelo? Essas representações apenas demonstram uma preocupação ideológica de dominação cultural. Na verdade o verdadeiro Deus não conseguiu romper ainda a simples barreira (simples?) da aparência e do mundo material dos humanos.
Procurei selecionar algumas das imagens do Jesus Mafa, que representam as estações bíblicas.

Revelação da gravidez de Maria

Nascimento de Cristo


Fuga de Belem


Batismo no Rio Jordão
 


A cura do enfermo
 


A Santa Ceia
 


Oração no Monte das Oliveiras


A traição


O Flagelo
 


A Crucificação
 


Ressurreição
 

ASCENSÃO AO CÉU

 


 


Estresse - Lutar ou Fugir


Se você acha que é estressado, considere o caso da morsa do Ártico. Enquanto seu habitat de gelo marinho encolhe, as criaturas ficam cada vez mais amontoadas, o que faz a adrenalina e a ansiedade aumentarem a níveis perigosos.No mês passado, apontou reportagem do “New York Times”, os ânimos se exaltaram em uma colônia no Alasca e 131 morsas foram esmagadas em um tropel aterrorizado.
As morsas não são as únicas a reagir exageradamente ao estresse. Seja em um ecossistema em mudança ou um mercado de trabalho que desmorona, os animais são programados para lutar ou fugir, conforme substâncias químicas do cérebro e hormônios reagem a ameaças reais ou imaginárias.
Infelizmente os humanos tem um talento para exagerar as imaginárias.
Os seres humanos às vezes pensam demais, vendo ameaças fantasmas em cada reunião de equipe ou baile de colégio. O risco é que a reação ao estresse, tão eficaz em uma fuga repentina de um tigre, torna-se prejudicial se nunca se descontrair.
Como ratos de laboratório apinhados em gaiolas, os humanos ansiosos correm o risco de desenvolver padrões de pensamento compulsivos e problemas físicos.
Com ou sem recessão, algumas pessoas que rangem os dentes enquanto dormem podem ter sido programadas para se preocupar desde o nascimento. Jerome Kagam professor de psicologia da Universidade de Harvard, estuda traços de personalidade de um grupo de pessoas desde 1989, quando todas eram bebês. Uma delas conhecida como Baby 19 chamou a atenção desde o início. Era nervosa e temerosa e se perturbava com qualquer tipo de mudança, fossem novos sons, visões ou pessoas. Como muitos bebês hiper-reativos que Kagam estudou, Baby 19 se transformou numa jovem tensa, com uma sensação constante de catástrofe iminente.
Exames de imagens do cérebro dessas pessoas revelam hiperatividade na área do cérebro relacionada às reações primitivas de lutar ou fugir, como se poderia suspeitar.
A boa notícia é que podemos desfazer os padrões compulsivos persistentes.
Ao contrário das morsas estressadas do Alasca, alguns dos sujeitos hiper-reativos de Kagam se beneficiaram da terapia cognitiva, que reorientou seus padrões de pensamento para longe do medo e da ansiedade constantes.

O GRITO

ACTION DAY - DEGELO DOS POLOS AMEAÇA O PLANETA


Dia de Ação pelo Clima

Blogueiros de todo o mundo são convidados a fazer um post sobre mudanças climáticas no dia 15 de outubro. A iniciativa faz parte do Blog Action Day, que está em sua terceira edição e busca colocar o tema da mudança climática em destaque a partir da mobilização da blogosfera internacional, e fazer pressão ante a Conferência Climática das Nações Unidas



DEGELO DOS POLOS AMEAÇA O PLANETA
Deu hoje nos jornais, cientistas britânicos prevêem que em 10 anos o Ártico será um oceano aberto, sem gelo, durante o verão.
Ao redor do pólo norte a maior parte da camada de gelo tem em torno de 1,8 metro de espessura. Por ser fino, tudo vai derreter no próximo verão. O problema é que a região estudada, tradicionalmente apresenta diversas camadas de gelo. As mais velhas não costumam derreter tão rápido.
Como grande parte da região é agora recoberta por um gelo novo, de menos de um ano, claramente ela está mais vulnerável. Toda a área está agora mais suscetível a se transformar em uma grande zona aberta a cada verão.
Tudo isso faz parte da previsão apresentada ontem pelo projeto Catlin Arctic Survey, liderado por Pen Hadow, tradicional explorador polar. Os dados do projeto Catlin corroboram o novo consenso de que os verões no Ártico não terão mais gelo dentro de 20 anos e que o grande decréscimo na formação desse gelo vai ocorrer nos próximos 10 anos.
O oceano Ártico desempenha uma posição central no sistema climático da terra. Um impacto na região, portanto, poderá ter conseqüências em áreas bem distantes do pólo Norte.
Esse processo poderá causar inundações que afetarão um quarto da população mundial, aumentar de forma substancial a emissão de gases-estufa que costumam ser aprisionados pelo gelo e provocar mudanças climáticas extremas.



"Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara... "

Lenine

ACTION DAY 2009 - MUDANÇA CLIMÁTICA JÁ

A questão climática é uma questão humana. Somos os principais predadores do planeta, e os únicos que podem conscientemente assumir políticas que diminuam as conseqüências desse aniquilamento da natureza. Não esperem que autoridades ou empresários assumam a responsabilidade. Eles não vão assumir se não agirmos todos, de forma clara, dando um basta na devastação desenfreada. É possível construir um novo mundo, um mundo mais limpo saudável e humano e que respeite a todos os seres que nele vivem e, inclusive, que respeite o direito de nossos netos e bisnetos de terem o mesmo céu azul, as mesmas nuvens brancas, o mesmo vento refrescante batendo no rosto, a mesma água cristalina na qual nos banhamos.

Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:

"O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."


MUROS OU PONTES - Cristovam Buarque


O Senador Cristovam Buarque nos leva com este texto a um importante tema para reflexão. Vivemos fechados entre muros e grades e ainda assim com medo. Vale a pena? Paulo Freire dizia: educai as crianças e não precisarás prender os adultos.












O Brasil se formou fazendo muros e não pontes entre seus habitantes. No começo, os muros separavam negros dos brancos, a casa grande da senzala. Hoje separam as favelas e os condomínios, os shoppings e as ruas dos centros das cidades, há um muro separando as classes sociais. Até a justiça é separada: de um lado, justiça dos pobres que prende quem rouba comida no supermercado; de outro, aquela que deixa livre os que roubam milhões. Porém quando excepcionalmente um rico vai preso, há um muro separando as cadeias: a comum para uns e a especial para outros.
E cada vez que um muro não consegue manter a separação, em vez de se construir pontes constroem-se novos, mais altos e mais grossos muros.
No lugar de ser enfrentada nas suas causas sociais, criando-se pontes entre ricos e pobres, a desigualdade é enfrentada com muros dos condomínios, vidro blindado dos carros, vigilância ampliada, muralhas com guardas separando os que podem e os que não podem entrar na modernidade. Não vai demorar para surgir a idéia de imensas muralhas cercando os bairros nobres das grandes cidades. Muros pedem mais muros.
O Brasil não será uma nação enquanto, no lugar de pontes a sociedade preferir muros. O incrível é que além de mais decente e eficiente, é muito mais econômico fazer pontes do que muros. O custo para manter as pontes de uma educação de qualidade é muito menor do que continuar gastando os imensos recursos para compensar as perdas decorrentes dos muros ineficientes que preenchem o nosso país separando cada bairro um do outro, cada casa uma da outra, cada escola uma da outra, cada corporação uma da outra.
A primeira de todas as pontes seria a igualdade na qualidade da educação para todas as crianças do Brasil. A escola é a ponte social que permite conectar as pessoas e as classes transformando um país em uma nação. Um país pode ser dividido por muros, uma nação só existe quando há pontes entre as pessoas que dela fazem parte.
A desigualdade na renda pode continuar, mas é preciso igualdade de oportunidade para todos, o que só se consegue a partir de uma educação equivalente para todas as crianças. Em um país com tamanha desigualdade entre as cidades, a igualdade de oportunidades não vai existir enquanto a educação e as crianças forem municipalizadas. O custo da federalização da educação básica não é elevado. É muito inferior ao “custo da omissão”: o custo de não fazer, de não tomar essas decisões agora, de não federalizar a educação básica.
Ainda é tempo de que no lugar de governos de muros comecemos a ter governos de pontes. O futuro de um país tem a cara de sua escola.

Cristovam Buarque senador do Distrito Federal pelo PDT, foi Ministro da Educação no primeiro ano do governo Lula. No Senado é chamado de Senador da Educação pela sua defesa intransigente da educação como principal arma para a transformação social, política e econômica do Brasil.

ÁRVORE FRUTIFERA DÁ PÉ E ALIMENTA


Em artigo postado em fevereiro de 2009 sob o título “ARVORE DA PÉ” além de listar os benefícios da arborização listei 10 espécies de árvores bastante comuns entre nós, bem como suas origens nome científico e a respectiva foto de cada uma.
Quando o tema é arborização de praças e ruas também devemos considerar a seguinte questão: porque não arborizar com árvores frutíferas? Além dos benefícios ambientais que as árvores proporcionam, também estaremos propiciando a presença junto a nós de frutas frescas, naturais e gratuitas que podem acrescentar um acréscimo alimentício àquelas famílias mais carentes.
Como fiz no primeiro artigo sobre o tema vou enumerar algumas plantas frutíferas, com informações para seu plantio.
Deve-se salientar que não é recomendado o plantio de arvores frutíferas de grande porte em áreas urbanas, muitas menos aquelas que produzem frutos grandes que ameaçam a segurança da população e veículos como mangueiras, jaqueiras e coqueiros
AMORA-PRETA

Planta arbustiva, de porte ereto, semi-ereto ou rasteiro, pertencente à família Rosaceae
Plantio: deve ser realizado, de preferência, nos meses mais frios do ano. Podem ser usadas estacas de raiz (10 a 15cm de comprimentos e diâmetros de um lápis) ou mudas produzidas em viveiros,
ACEROLA

A acerola ou cereja-das-antilhas pertence à família Malpighiaceae. Originária das Antilhas, América Central e América do Sul é uma planta rústica, desenvolvendo-se bem em clima tropical e subtropical
Clima e solo: a temperatura ideal está entre 25 e 27ºC, a planta resiste a geadas leves. Necessita precipitação entre 1.200 e 1.800mm bem distribuídos. É pouco exigente quanto ao tipo de solo, mas prefere os bem drenados e não infestados por nematóides.
Colheita: de setembro a março; colheita manual diária ou em dias alternados.
Plantio: pode ser realizado durante o ano todo, mas deve-se dar preferência ao início da estação chuvosa. As mudas devem ter 30cm de altura.
AMEIXA

A ameixa Prunus salicina Lindl. é comumente referida como japonesa, lembrando a sua origem. Frutífera arbórea de clima temperado, de folhas caducas, da família Rosaceae, requer o uso de variedades pouco exigentes de frio, especialmente selecionadas às condições climáticas locais. Em São Paulo e nas regiões de ecologia similar dos Estados vizinhos, é uma das frutíferas de maior difusão nos últimos anos, graças, principalmente, ao plantio de variedades selecionadas no Instituto Agronômico.
Plantio: utilizar mudas enxertadas em pessegueiros de sementes, de preferência do cultivar Okinawa, resistente ao nematóide de galhas. Mudas de raízes nuas: plantio em julho e agosto; em recipientes: em qualquer época, de preferência na estação das águas.
Colheita: setembro a fevereiro, conforme o cultivar e região
CAQUI

Frutífera da família Ebenaceae de origem asiática, cujas folhas caem no outono-inverno. Suas plantas são arbóreas, rústicas, produtivas e de alta capacidade de adaptação climática. Em agosto, as plantas brotam e florescem abundantemente.
Época de plantio: junho a julho.
TANGERINA

Os citros são plantas perenes, com 4 a 6m de altura, da família Rutaceae, nativas do Sudeste Asiático, vegetam e produzem satisfatoriamente em regiões com as mais variadas condições de clima e solo.
Época de plantio: períodos das chuvas ou fora deste, com irrigação.
Colheita de tangerinas e tangor: março a julho – Cravo, Poncã e Mexerica; julho a outubro
ANOMA

Da família Annonaceae, as anonas pertencem a diversas espécies, e as de interesse maior para São Paulo são as seguintes: (a) Annona squamosa L., fruta-do-conde: introduzida no Brasil (Bahia), em 1926, pelo Conde de Miranda e conhecida por esse nome em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro; no Nordeste e Planalto Central, é chamada de Pinha. É uma árvore de pequeno porte (4 a 5m de altura), com folhas de 6 a 7cm de comprimento, flores amarelo-esverdeadas, isoladas ou em cachos de 2 a 4.
Clima e solo: adaptam-se bem aos diversos climas, principalmente atemóia; entretanto, não toleram geada nem temperaturas muito baixas, notadamente, as plantas jovens e as adultas em fase de florescimento e maturação dos frutos. Preferem inverno seco e precipitação bem distribuída no período vegetativo. As temperaturas médias mais convenientes variam de 10 a 20ºC (mínimas) a 22 a 28ºC (máximas). O solo deve ser profundo, bem drenado e, preferivelmente, de textura leve, suprido de matéria orgânica.

JABUTICABEIRA

Myrcia cauliflora Berg
Origem nativa na Mata Atlântica.
A jabuticabeira é uma árvore de clima tropical ou subtropical úmido.
Não suporta seca prolongada nem geadas