Uso do Aquifero Guarani é loucura.


O uso de cisternas em pelo menos 50% das habitações residenciais e industriais, somado a uma mudança cultural da população, "equacionaria"  o problema da falta d'água no estado de São Paulo, segundo o secretário executivo do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), Francisco Carlos Castro Lahóz. Caso haja interesse nesses equipamentos para armazenamento da chuva, o resultado seria mais eficaz e barato que a perfuração de poços para captação no Aquífero Guarani, ainda segundo Lahoz. O uso do manancial como alternativa para a crise hídrica foi citado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), nessa quinta-feira (6), durante evento em Santos (SP).
O governador admitiu que há um estudo em andamento sobre a viabilidade técnica de recorrer ao aquífero, que é um dos maiores mananciais de água doce do mundo, e abrange países como o Brasil, o Paraguai e a Argentina.
"No caso de São Paulo, ele (aquífero) começa a partir de Botucatu (SP), já no oeste do estado e, se fizer um poço, teremos vários ‘Guarani’, ‘Ribeirão’ e ‘Araçatuba’. Uma opção seria tirar e trazer para São Paulo, mas acho que é melhor passar essa água para a região de Campinas (SP), Piracicaba (SP) e Jundiaí (SP), assim aliviaria o (Sistema) Cantareira”,
Longa distância Lahóz destaca a distância de 420 km entre Ribeirão Preto (SP) e a Grande São Paulo como principal obstáculo para o projeto.
"Há de se avaliar o custo-benefício. Se for captar, tem que transpor. Além do custo com energia, existe o gasto com transporte. Para cada 5 metros cúbicos de água é necessária uma tubulação de 1,5 metro. Seria uma obra com custo e manutenção elevadíssimos. Também é importante dizer que a água do aquífero não é uniforme, há pontos com altos índice de cálcio, magnésio, flúor e enxofre. Em certos pontos até mesma a dessalinização é necessária", citou.
Cisternas Lahóz diz que o uso de cisternas como forma de armazenagem de água natural seria uma forma rápida e barata para resolver a crise hídrica, aliada a outras medidas que resultariam em um "pacote de soluções".
"A estiagem deste ano mostrou que a estrutura que temos é insuficiente. Mas o comportamento está equivocado há décadas. Quem mora em São Paulo ainda não entendeu que vive em permanente escassez hídrica. Imagine a economia com cisternas em cima de grandes shoppings centers, por exemplo? Nas casas, poderiam ser usadas nas descargas dos banheiros e na irrigação de jardins, entre outros. Evitaria até mesmo a prevenir enchentes em rios como o Piracicaba, já que parte da água que escorre para as calhas passaria a ficar retida de forma positiva".
1 minuto a menos no banho Ainda de acordo com Lahóz, há projetos alternativos de implantação de cisternas externas a partir de R$ 400. "Mas não para aí. A população da Grande São Paulo é de 20 milhões de moradores. Se todos encurtassem o banho em 1 minuto, já conseguiríamos o volume de um Cantareira inteiro. Esse cálculo está em um estudo que o PCJ realizou".
"Há cidades da Europa que conseguiram resolver a falta d'água fazendo somente com o escalonamento dos horários de banho. A crise em São Paulo não é de hoje. A disponibilidade hídrica aqui é de 250 m3 habitante/ano. No Oriente Médio, é de 450 m3 habitante/ano. O ideal, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), é de pelo menos 1.500 m3/ habitante ano. Já passou da hora de uma mudança cultural da sociedade".
Fonte G1.

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