A
Terra chegou cedo, na evolução do Universo.
De
acordo com um novo estudo teórico, publicado a 20 de outubro na revista Monthly
Notices of the Royal Astronomical Society, quando o Sistema Solar surgiu,
há 4,6 mil milhões de anos, apenas existiam 8% dos planetas potencialmente
habitáveis que se irão formar no Universo. E a formação planetária não terá ainda
terminado quando o Sol tiver terminado a sua vida, dentro de 6 mil milhões de
anos.
Esta
conclusão baseia-se numa estimativa de dados recolhidos pelo Telescópio
Espacial Hubble e pelo observatório espacial Kepler - o prolífico caçador de
planetas.
"A
nossa principal motivação foi compreender o lugar da Terra no contexto do resto
do Universo", disse Peter Behroozi, do Space Telescope Science Institute (STScI),
em Baltimore, Maryland, autor do estudo. “Em comparação com todos os planetas
que se irão formar no Universo, a Terra chegou realmente muito cedo.”
Olhando
bem longe e para trás no tempo, o Hubble tem oferecido aos astrônomos um "álbum
de família" de observações de galáxias que conta a história da formação
estelar no Universo à medida que as galáxias foram crescendo. Os dados mostram
que, há 10 mil milhões de anos, o Universo estava a fabricar estrelas a um
ritmo veloz, mas a fração de hidrogênio e hélio que estava envolvida era muito
baixa. Hoje, o nascimento de estrelas está a acontecer a um ritmo muito mais
lento, mas há tanto gás disponível que o Universo irá continuar a fabricar
estrelas e planetas durante um longo período de tempo.
"O
material remanescente do Big Bang é suficiente para produzir ainda mais
planetas no futuro, na Via Láctea e para lá dela", acrescentou Molly
Peeples do STScI, que também participou na investigação.
A
pesquisa planetária realizada pelo Kepler indica que os planetas do tamanho da
Terra na zona habitável de uma estrela estão por todo o lado na nossa galáxia. Tendo
por base a pesquisa, os cientistas prevêem que deve haver, no presente, mil
milhões de mundos do tamanho da Terra na Via Láctea, e presumem que uma boa
parte deles seja de tipo rochoso. Esta estimativa dispara quando se incluem as 100
mil milhões de galáxias do Universo observável.
Há assim
imensas possibilidades de surgirem no futuro mais planetas do tamanho da Terra
na zona habitável. A última estrela só deverá "morrer" daqui a 100 bilhões
de anos, o que é muito tempo para literalmente poder acontecer qualquer coisa
no panorama planetário.
Os
investigadores dizem que as Terras futuras terão mais tendência a surgir dentro
de enxames de galáxias gigantes e também em galáxias anãs, que ainda têm todo o
gás disponível para fabricar estrelas e os receptivos sistemas planetários. Por
outro lado, a Via Láctea já usou uma grande parte do gás disponível para a
formação de estrelas no futuro.
A
grande vantagem de termos chegado cedo na evolução do Universo é a capacidade
que a nossa civilização já tem de utilizar telescópios potentes como o Hubble
para traçar a nossa história desde o Big Bang e através da evolução das galáxias.
A evidência observacional para o Big Bang e para a evolução cósmica, codificada
na luz e na radiação eletromagnética em geral, será apagada dentro de 1 bilhão
de anos, devido à expansão acelerada do Universo. Grande parte das civilizações
futuras que porventura surjam, não terão estas provas de como o Universo surgiu
e evoluiu.
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