“Entender o que aconteceu com a atmosfera de Marte vai
informar nosso conhecimento sobre a dinâmica e evolução de qualquer atmosfera
planetária”, afirmou John Grunsfeld, astronauta e administrador associado do
Diretório de Missões Científicas da Nasa. A sonda MAVEN que começou suas
atividades científicas há cerca de um ano também está estudando o assunto e em
Marte.
Se os humanos existissem na Terra há alguns bilhões de anos,
nós definitivamente não chamaríamos Marte de “planeta vermelho”. Sua cor
predominante não era composta pelas tonalidades desérticas que vemos hoje,
muito pelo contrário. Evidências observadas por várias sondas indicam que,
naquela época distante, a água fluía abundantemente na superfície, formando
rios, lagos e talvez até oceanos. A temperatura era mais amena e todo o
ambiente era mais úmido - podendo, inclusive, abrigar vida.
O principal palpite dos cientistas é que essas condições
climáticas quase terráqueas só foram possíveis graças à existência de uma
atmosfera mais espessa, só que ela foi se perdendo ao longo das eras. Marte se
tornava um lugar cada vez mais frio e seco conforme seu ar atmosférico ia
escapando para o espaço. Até esta quinta-feira (5/11), as causas dessa perda
gradual não eram bem compreendidas. Mas a Nasa anunciou que tem novidades sobre
o processo que mudou a cara do planeta (que virou) vermelho.
Dados coletados pela sonda MAVEN, lançada em novembro de 2013
justamente para estudar a atmosfera marciana e entender o que aconteceu com ela
no passado, confirmaram que o grande responsável pela dissipação da atmosfera
de Marte é o vento solar. Composto por prótons e elétrons carregados que se
desprendem do Sol e viajam pelo espaço a cerca de 1,6 milhão de quilômetros por
hora, essas partículas que carregam campos magnéticos podem gerar campo elétrico
ao passar pelo planeta vermelho. Isso acaba acelerando os íons da atmosfera
superior e os lança para o espaço.
Mais do que definir o processo, a Nasa também revelou
informações mais específicas sobre ele: a ação do vento solar faz com que 100 gramas
de gás sejam perdidos por segundo. “Como o roubo diário de algumas moedas de um
caixa, a perda se torna significativa com o tempo”, disse em comunicado Bruce
Jakosky, investigador principal da missão e pesquisador da Universidade do
Colorado. As medições da sonda também revelaram que a dissipação é significativamente
mais intensa durante tempestades solares, o que leva a crer que a taxa era bem
maior há bilhões de anos, quando o Sol era mais jovem e mais ativo. A teoria
explica o porquê de o clima marciano ter mudado tão radicalmente.
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